A Revolução dos Bichos


Brasil Resumido em uma Granja

Frustrada, triste, inconformada, impotente... me vi descrita em forma de bicho. Vi a sociedade brasileira descrita nessas linhas.

Uma sátira magnificamente escrita, onde George Orwell mais uma vez me impressiona pela mente crítica. Ele nos apresenta a Granja do Solar, onde os bichos, revoltados com o sofrimento causado pelo homem, conseguem expulsar o dono da granja e decidem fazer sua própria administração. E então Orwell nos conta como um sonho pode ser destruído.

O livro é uma sátira sobre o comunismo, escrita em forma de fábula, podendo se passar até por história infantil. Acredito que se fosse pesquisar a fundo a história do comunismo na Rússia, me depararia com personagens “disfarçados” (claramente Napoleão é inspirado em Stalin).

Entretanto, diante de todas as descrições de manipulação, exploração, desigualdade, abuso... foi impossível não trazer para a sociedade de agora. Aqui no Brasil. Orwell escreveu sobre o socialismo sem saber que escreveria sobre o capitalismo brasileiro (falo daqui por estar aqui; mas pode, com certeza, acontecer em outro lugar).

Vejo “nossa gente” com conhecimento “profundo” tirado de facebook e afins ou se informando em nossa querida mídia tendenciosa, como sendo as queridas ovelhas. Simplesmente repetindo tudo que lhes são firmemente repetido. Sem pensar, analisar, questionar, entender. Uma espécie de: “Eu li, ta lido. Não interessa se é verdade.” “Quatro pernas bom, duas pernas ruim.” Li sobre os bichos trabalharem, trabalharem, trabalharem e em troca “recebeRMOS” cada vez menos. Ops! RecebeREM cada vez menos ... já até me confundo na conjugação.

E a questão da memória?

Meu Deus... somos nós!!!
Nós não temos memória!!!
Em um dia “excomungamos” o político horroroso, sabemos quem ele é, do que é capaz e na próxima eleição, lá está ele eleito novamente.

Temos também Benjamim, o burro. Consciente, capaz, porem acomodado. Nesta descrição talvez me encaixe também. Sabemos e somos capazes de entender... mas a desesperança nos amordaça. O negativismo nos domina. Nada pode ser feito. Nada vai mudar. É sentar e esperar. Frustrante, doído. A inércia consciente talvez seja a pior de todas. Você saber e nada fazer. O medo é mais forte.

Dentre outros, temos então por fim os porcos... ora... esses os mais fáceis de reconhecer. Eles são nossos queridos governantes. Egoístas, falsos, perigosos, mafiosos, corruptos, oportunistas, manipuladores... dominantes. Por que alguém dominante, que está a frente de tantas vidas não pode ter caráter? Não é à toa, que a história termina com uma pergunta: Quem é o homem e quem é o porco?

Enfim, um livro magnifico pela inteligência com a qual foi escrito, pelo brilhantismo com que George Orwell cria/descreve essa história. Tudo pra mim é muito intenso, geralmente amo ou odeio. E posso também amar, ou amar muito. Esse, eu amei muito!

Porém, todavia, entretanto... apesar do amor, termino o livro com o sentimento de tristeza. Com o rosto doendo pelo tapa na cara.


Autor: George Orwell
Editora: Cia das Letras

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