Em A Casa dos Espíritos


Chile. Parlamentar desde 1891, o país passou a ser uma República Presidencialista com a promulgação da constituição de 1925. Com os presidentes sendo eleitos, crises e instabilidades caracterizavam a fraqueza de cada governo. Da Constituição de 1925 até o golpe de Estado de 1973, três partidos passaram a dominar a política: o Partido Radical, o Partido Democrata Cristão do Chile e os Partido Socialista do Chile.

Em meio aos problemas insurgentes, Salvador Allende, médico e político marxista chileno, fundador do Partido Socialista, concorre a presidência pela via democrática, desde 1952. O Chile se vê, crescendo, se desenvolvendo em alguns aspectos e também sofrendo de mazelas sociais.

Um país com certa dependência dos investimentos externos e uma boa industrialização, mas com grandes problemas e desigualdades sociais. Os trabalhadores, parte da sociedade mais sofrida do país, cada vez mais insatisfeita vê ano a ano na proposta socialista uma possível resposta para seus problemas. Em 1968, as greves começam a se propagar, enquanto as reformas das estruturas políticas dos alunos da Universidade do Chile e da Universidade Católica do Chile produzem sérios conflitos entre os estudantes e o governo. E a situação fica cada vez mais instável com a iminente vitória de Salvador Allende nas próximas eleições. Então em 1970, com Allende, Alessandri, e Tomic concorrendo, e sem que nenhum deles tivesse alcançado a maioria absoluta, o congresso conforme estipulava a constituição, teria que decidir o vencedor. Desde 1946, o Congresso havia eleito aquele que conseguisse a maioria relativa, o que neste caso seria Allende, mas muitos começaram a pressionar para que Alessandri, representante da direita, fosse eleito.

Apesar da forte oposição dos Estados Unidos, que inclusive arquitetaria planos para evitar a vitória do marxismo na America Latina, Salvador Allende é designado novo presidente do Chile em 1970.

Ao assumir, tenta construir uma nova sociedade baseada no socialismo através da democracia, uma experiência até então única no mundo. A intenção era buscar o crescimento e combater as desigualdades que assolavam o país. Allende nacionaliza as minas, intensifica o processo de reforma agrária e inicia-se um processo de estatização de empresas consideradas chave para a economia chilena. Porem, com essas ações consideradas socialistas, desperta forte oposição nas Forças Armadas, na classe média, no meio empresarial e também nos Estados Unidos que não queria o país no campo da União Sovietica.

Entre medidas rechaçadas pela direita e boicotes ao governo, Allende começa a se deparar cada vez mais com sabotagens orientadas pelos EUA. A crise econômica se agrava com a inflação batendo a casa dos 300%. A sociedade começa a se polarizar e os enfrentamentos entre partidários e opositores de Allende tornam-se mais frequente. O país entra em recessão e o crescimento cai. Desabastecimento, ocultamento de mercadorias e greves de transportes financiadas pela CIA, permite a configuração do mercado negro, e insatisfação cada vez maior da população. Os meios de comunicação entram em enfrentamentos verbais segundo sua tendência política.

Cada vez mais impossibilitado de conseguir governar, Allende tenta conseguir acordos que não progridem. A violência aumenta, especialmente entre os estudantes, e por fim, em 1973, Allende sofre um golpe militar apoiado pela classe media e os Estados Unidos e morre no palácio presidencial em que se encontrava.

Após derrubar o governo, os membros da Junta de Governo começaram um processo de estabelecimento de seu sistema de governo. Ainda que em teoria se mantivesse vigente a Constituição de 1925, o poder que recaía na nova Junta estabelecia uma nova ordem no país: o estado de guerra, onde qualquer pessoa poderia ser detida ou executada pelas tropas, mesmo na rua e sem maiores explicações.

Assume Augusto Pinochet e com ele vem o regime ditatorial que perseguiu e assassinou milhares de pessoas. Cuatro Álamos, Villa Grimaldi, o Estádio Chile e o Estádio Nacional de Santiago foram utilizados como campos de detenção e tortura. Três mil pessoas teriam sido assassinadas por membros da Direção de Inteligência Nacional (DINA) e de outros organismos das Forças Armadas, entre os que se destacam o general Bachelet, o cantor e compositor Victor Jara e o advogado e ministro José Tohá. Muitas dessas pessoas permanecem como desaparecidas até hoje.

De 1905 a 1975, período mais ou menos que se desenrola o livro, o Chile passou da promulgação de sua constituição para uma ditadura cruel.


Fonte:
www.infoescola.com/chile/historia-do-chile
www.pt.wikipedia.org
www.memoriachilena.cl

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