O Palácio de Inverno

Belíssima, triste e marcante história!

Tem histórias, mais do que outras, que deveriam ter acontecido de verdade. Palácio de Inverno é uma delas.

A narrativa discorre de maneira não ortodoxa com duas descrições temporais diferentes se desenrolando. No tempo mais presente e no tempo mais passado, Geórgui Danielovitch Jachmenev conta sua história de vida no desenrolar da revolução russa.

“– Nada, senhor — respondi, levantando de novo o olhar, agora com uma expressão decidida no rosto. — Não sou absolutamente nada. Apenas um homem que chegou recentemente neste grande país, em busca de um emprego honesto. Não tenho cores políticas e nem quero ter. A única coisa que desejo é uma vida calma e condições de dar um sustento digno à minha família.”

Georgui é um menino que nasceu como tantos outros milhões de russos naquela época: sem dinheiro, que passava fome, trabalhava desde sempre, vivia um dia sem saber se teria comida no outro. O autor descreve a sociedade ainda feudal que vivia a Rússia na época do último Czar. Esse mesmo menino sem perspectiva, de repente se vê morando no Palácio de Inverno, entre a dinastia Romanov, de forma que o autor nos faz ter “contato” com personagens marcantes da historia do mundo. E esse contato é capaz de nos transportar para uma humanidade que não se costuma pensar. Quando surgem nomes como Czar Nicolau, Czarina Alexandra, Grã-Duquesa Anastacia, czaréviche Alexei, “conhecemos” o ser humano, por traz do mito. Um Czar que tomou decisões erradas, uma Czarina vítima do meio em que cresceu, um czaréviche doente, que era só uma criança quando ideais políticos acharam que ele devia ser morto a tiros sem nem saber o que estava acontecendo.

É um livro que faz chorar. Sentir-se na pele de Georgui e a esposa Zoia e imaginar o que ambos sentiram é sofrido. E é sofrido, porque alguns personagens são imaginários, mas outros, como o menino Alexei, que sofria de hemofilia realmente existiu.

Georgui e Zóia são duas pessoas que gostaria muito que tivessem realmente existido, seria um bálsamo. Mas saber que Maria, Olga, Tatiana, Anastácia e Alexei viram seus pais serem assassinados, antes de os próprios serem alvejados (e não morrerem, imediatamente), é cruel.

Um livro magnífico!


Editora: Cia das Letras
Autor: John Boyne

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