A Dama das Camélias

Um amor para pensar...

Escolhi A Dama das Camélias para ler pelo renome do autor, do livro, de todo o seu significado na literatura, enfim, era A Dama das Camélias... queria ver “qualé que era”.

Li a sinopse e a princípio me deparei com um romance, uma história fofa. Pensei em um livro “gostoso” de ler. E foi. Mas...
Palavras doces, descrições românticas, opiniões sobre a vida e por traz disso, um ponto mais profundo: como o tempo passa (mais uma vez em minhas leituras a constatação de que o ser humano é o bicho mais difícil criado pelo nosso querido Deus), e certas ideias continuam latentes.

Marguerite, linda, inteligente, espirituosa, ... prostituta. A mulher em seu papel mais recorrente. Usada, abusada, mostrada, embelezada e “objetificada”. Em uma época muito mais machista que nossa atual, li trechos que a diferença entre o antes e o hoje, é o machismo velado.
Não me intitulo feminista, nem gosto do termo porque acho que destruiriam o real significado de uma luta válida, mas lendo como Marguerite sofreu por ser quem era, li também sobre as mulheres.

Em determinado momento nosso querido Armand, em todo o seu amor, sem intenção alguma de ofendê-la, diz: “Mas gosto mais de ti luxuosa do que simples.” Ele falava em amor, mas e quando ela ficasse velha? E quando o glamour acabasse? Eu sei, era pra ser um elogio, mas as vezes um elogio pode tomar um caminho contrário.

O significado de cortesã na época, daquele nível, difere um pouco de uma “simples” prostituta, e Marguerite diz algo que descreve bem a questão do homem em relação a mulher a qual bancava: “...que despendem sua fortunas não conosco, como dizem, mas com sua vaidade”. O mundo ainda é assim. Quantos homens ajudam nessa ditadura da beleza, e quantas mulher em seus momento vazios, se deixam levar pela necessidade de um lado externo bem mais cuidado do que um bom cérebro?
Nossa, acho que viajei completamente. Mas ler é para isso. Sair na caixa. Sai do mundinho. Fazer pensar. Armand e Marguerite me fizeram pensar.

Por fim, me vi devorando o livro com uma tristeza profunda. Dumas me puxou para dentro da história e depois de começar pensando ser uma “contação” água com açúcar e ir para o discorrer em uma análise sobre as mulher, o escritor me trouxe para o envolvimento com a belíssima história de amor. Um homem profundamente apaixonado e sonhador. Uma mulher que só queria ser amada. E a certeza que todos os louros para o livro e para o escritor são merecidos e justos. Ah! Chorei lendo!

Termino com Dumas. Acho que deveria ser um mantra de todos os escritores: “... mas serei sempre o eco de todo o sofrimento digno onde quer que o encontre.”

Autor: Alexandre Dumas Filho
Editora: Ediclub

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