Madame Bovary

Vamos Celebrar a Estupidez Humana

Analisar um livro não é tarefa fácil. Ainda mais em se tratando de um clássico como Madame Bovary. Leituras com renome não necessariamente precisam cair no gosto simplesmente pelo fato de terem sido consideradas boas por um grupo de pessoas. Afinal, gosto é uma coisa muito particular. Entretanto, os considerados Clássicos, sempre me fazem pensar mais pois se atingiram tal patamar, existe um porquê. Acho que as sinapses do meu cérebro ficam extremamente ativas quando procuro entender e descobrir aquilo que alguém já o fez anteriormente.

Dito isso... comecei achando a história de Madame Bovary cansativa, como se não tivesse um porquê. E então, passando da metade, comecei a pensar: quem era Madame Bovary?
E pensando nisso, comecei a entender a beleza do livro.
Escrito em 1857, em uma sociedade totalmente patriarcal, onde as mulheres quando descritas na literatura eram amorosas, lindas, justas, delicadas, honestas. Enfim, mocinhas queridas. E Madame Bovary de repente foge desse padrão, sendo um personagem profundamente realista. Ela não é perfeita, não é mocinha, não é justa, não é queridinha. É um ser com defeitos e atitudes egoístas. É real!

O enredo é simples: Ema é uma moça criada em um convento que lê romances doces e crê que a vida tem que lhe conceder a mesma história. Carlos é um homem simplório, enfadonho que estudou e se tornou um médico medíocre. Os dois se casam e então Flaubert com maestria discorre sobre a estupidez humana. Vemos como a cultura inútil pode afundar as pessoas. Ema que passava seus dias lendo histórias românticas sem profundidade alguma, se acha a mais inteligente de todas (lembrei dessa massa de estudiosos do Google que se acham detentores de verdades absolutas). Porem é uma mulher sem cultura alguma, fraca, egoísta, mesquinha que não leva em consideração nem a pobre filha. Carlos por sua vez, é um pobre coitado, conformado com o que tem, ignorante, que não tem opinião própria. É enganado constantemente e é como se buscasse ser enganado, porque não se empenha em nada, não entende nada e acha que é felicíssimo simplesmente porque Ema casou-se com ele.

O livro é uma descrição de como o ser humano é horroroso.
O ser humano é Ema, mesquinha até o último fio de cabelo. É Carlos, inútil em querer entender e ver o que acontece ao seu redor. É L’Heureux, pilantra aproveitador da fraqueza dos ignorantes. É Homais, que só pensar em seu benefício próprio. E por fim, é Berta... a filhinha do casal, que não tem culpa de nada, que não entende o que se passa com os adultos, e que por fim, sofre todas as mazelas e é quem paga um preço caro pela maldade de terceiros.

Gosto de livros que me fazem pensar. Este, estou digerindo com um amargo na boca do estomago... o ser humano é horrível!

Autor: Gustave Flaubert
Editora: Abril

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Jardim de Inverno

Margaret Mitchell

Para Anne Frank