Os Miseráveis

Meu Coração Ficou Aqui!

Não me sinto preparada para escrever sobre uma obra dessa importância, dessa magnitude, mas fiquei tão deslumbrada com a história, com a escrita, que quero registrar minha visão, ao menos para mim mesmo.
Uma aula de tudo... de língua, de política, de humanidade, de caridade, de compaixão, de responsabilidade, de história, de amor, de vida, ... . sobre tudo Victor Hugo dá uma aula.
Fiz tantas marcações como nunca tinha feito. Em momentos queria copiar uma página inteira, tamanha a quantidade de análise critica disponibilizava nas linhas e que enchia meu coração de deslumbramento e admiração. Como li coisas rasas na minha vida. Como não li Os Miseráveis antes?

“Ensinem o mais possível aos que nada sabem; a sociedade é culpada de não instruir gratuitamente e responderá pela escuridão que provoca. Uma alma na sombra da ignorância comete um pecado? A culpa não é de quem o faz, mas de quem provocou a sombra.”

O brilhantismo da história, do meu ponto de vista, mora nas descrições. Cada personagem vem crivado de informações, característica, detalhes, emoções. Jean Valjean além de um condenado, que perdeu os pais, que teve de ajudar a irmã, que sonhava, que roubou um pão, que sofreu, que chorou, que pensou, que se arrependeu... entre tantos outros “que”. E cada um desses “que” era um nova história, uma explicação, uma viagem pela vida do personagem. Dessa forma, Victor Hugo fazia com que conhecêssemos profundamente cada um deles.
Alem desse entendimento acerca dos personagens, Victor Hugo também nos apresenta o ambiente, a sociedade, o século. Nos mostra o que era, como pensava e agia a Paris daquela época. As criticas sociais são pesadas, cruéis, sinceras, emocionantes. Com as descrições eu era capaz de respirar profundamente e sentir os cheiros daquelas ruas. Sentia o frio doido do inverno, sentia a tristeza pela indiferença de uma sociedade.

“Ó marcha implacável das sociedades humanas! Perda de homens e almas ao meio do caminho! Oceano onde some tudo o que a lei deixa cair! Sinistra inexistência de auxílios! Ó morte moral! O mar é a inexorável noite social onde as sentenças lançam seus condenados. O mar é a miséria incomensurável. A alma, à mercê da voragem, pode transformar-se em cadáver. Quem a ressuscitará?”

Descobri neste livro que Victor Hugo fazia metáforas poderosas. A descrição da batalha de Waterloo, não foi só a descrição minuciosa de uma batalha tão importante para os ditames franceses. Waterloo disserta sobre escolhas, sobre caminhos, sobre abismos... é tão profundo que é até difícil de compreender o todo. Mas está ali. Não é só Waterloo. É vida, decisão, resultado.
Mais forte que Waterloo são os esgotos. E neste caso mais fácil de traduzir. Os esgotos de uma cidade, são o esgoto de uma sociedade. É uma descrição pungente de como estavam (estamos) nauseados e nada era (é) feito para que os dejetos, tivessem um caminho e um fim decente (como se fosse possível). Nós somos os esgotos de Paris.

“A história dos homens se reflete na história das cloacas”

Por fim, e não menos importante, temos a história principal dos personagens. Acontecimentos penosos, sentimentos mordazes...
Gavroche, Eponine, pobres criaturas. Que seriam deles se tivessem amor? Em nosso mundo, quantos Gavroches? Quantas Eponines?
Javert na busca pelo correto. Custe o que custasse. Doa a quem doesse. O certo é o certo de um jeito só, até descobrir que o certo era muito mais complexo do que poderia imaginar.
Cosette... ah! Cosette... a vida não foi fácil naqueles primeiros anos. Quando a inocência deveria te proteger, nem ela bastou. Ah! Cosette... a vida...
Fantine! Eu entendo quando fizeram uma musica para você que dizia: “...Agora a vida matou o sonho que eu sonhei.”
E Jean Valjean. Só transcrevendo o livro para fazer jus ao entendimento. Para você todo o meu amor!

“Ele dorme. E embora a sorte lhe fosse bem estranha,/ Ele vivia. Morreu quando não teve mais o seu anjo; /A coisa simplesmente chegou, de moto-próprio. Como a noite que chega, quando o dia se vai.”

Autor: Victor Hugo
Editora: Martin Claret

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